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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Minha única bagagem


 "Chega um momento
em que somos aves na noite,
pura plumagem, dormindo de pé,
com a cabeça encolhida.
O que tanto zelamos
na fileira dos dias,
o que tanto brigamos
para guardar, de repente
não presta mais: jornais, retratos,
poemas, posteridade.
Minha bagagem
é a roupa do corpo."

domingo, 27 de maio de 2012

Nesta fila, a família precisa vir primeiro!

 
 "Quem amamos sempre deixamos para depois. Porque é da família e vai entender a urgência de nosso trabalho.

Um minutinho, meu filho./ Já te ligo, amor./ Agora estou ocupado./ É uma ligação importante.

Só que o filho cresce e para de nos procurar.
Só que o pai morre e não descobrimos o que ele queria.
Só que a esposa se cansa da solidão e pede o divórcio.

Reclamamos da fila da Previdência, da fila do SUS, da fila dos bancos. Mas os familiares vivem em fila para serem atendidos dentro de casa.

É a fila do amor que não anda. Do amor que pensa que terá tempo em seguida. O tempo adiante será o mesmo tempo de agora. A mesma falta de tempo.

Filhos pequenos são mendigos em seus quartos, esperando que você desligue o telefone, que você preste atenção.

Maltratamos quem a gente gosta com adiamentos e desculpas. A vida passa e a promessa de conversa não se realiza. E não sabemos o que o nosso menino estudou, o que a mulher criou no trabalho, o que a mãe precisava comentar sobre seu passado.

Abandonamos a família porque desejamos ter calma. Ter folga. Ter férias.

Melhor falar nervoso do que não falar. Melhor um pouquinho junto do que nada. Melhor o rascunho do que a idealização.

Interrompa suas atividades para ouvir a família. Mesmo que seja rápido. Mesmo que seja de qualquer jeito.

A conversa é do momento, a conversa é um momento.

É possível desistir de dizer. É possível perder a vontade.

Não existe como recuperar lembranças.
Cuide da família. Agora!"
 
 
"Fila do Amor", por Fabrício Carpinejar.

terça-feira, 20 de março de 2012

O amor... (Amor?)



Quando amamos não escutamos o fora. Não escutamos que ela ou ele não nos deseja de verdade.

Não entendemos os recados, as indiretas, as diretas.
Se alguém ama você e você não ama essa pessoa, você está ferrado!
O amor platônico é um grude.

Ela vai persegui-lo por um bom tempo. Talvez toda a vida.

Você pode avisá-la que não tem chances, que não adianta insistir, que não é por mal.

Ela ficará ainda mais encantada com a dificuldade, a ponto de encher sua caixa de mensagens com frases românticas de superação, tipo: “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”.

Você não atende mais nenhuma ligação dela. Nenhuma das vinte. Primeiro, deixa tocar; depois, põe no silêncio; em seguida, desliga na cara.

Ela dirá que está ocupado, e que compreende o excesso de trabalho.

Você desmarca cinco vezes um encontro.

Ela irá concluir que foi coincidência.

Você decide ser mais contundente e passa a ser grosseiro, ofender, falar baixarias.

Ela fará interpretações terapêuticas, explicando que você está com raiva, e quem tem raiva ama.

Você pode barrá-la no orkut, no facebook, no twitter, no email.

Ela tratará de dizer que é medo de um relacionamento sério.

Você pode mudar de estratégia e ser educado, explicar uma por uma de suas razões com toda a paciência.

Ela entenderá que sua calma é um sinal de que finalmente vem aceitando a paixão.

Você declara que só quer ser amigo dela.

Ela é capaz de rir e acreditar que já é um começo

Não existe escapatória. Quem ama entende o que quer e faz o que quer. Inventa desculpas no nosso lugar, cria desculpas para continuar amando. 
(Capinejar, em "Condenado Pelo Amor")

sexta-feira, 2 de março de 2012

Você é um egoísta!




Todo mundo odeia ser chamado de egoísta, mas todo mundo é. Por mais que busque disfarçar. O egoísmo é aquilo que a gente ama tanto que acha que o outro não merece receber ou aquilo que a gente odeia tanto que não somos capazes de confessar.

- Egoísta é o que usa o gelo e não repõe as forminhas.

- Egoísta é o que esconde o resto do doce na gaveta das verduras.

- Egoísta é que vai dormir cedo para não fazer sexo.

- Egoísta é o que desperta cedo para trabalhar e não consegue ficar quieto: acorda junto a casa.

- Egoísta é o que perde algo e põe a família a procurar.

- Egoísta é o que pega quatro revistas ao mesmo tempo no salão e empilha no colo.

- Egoísta é o que sofre sozinho e acha que sua dor não tem igual.

- Egoísta é o que não atende o interfone e a campainha para não ter que falar com os amigos.

- Egoísta é o que corta as unhas dos pés e larga as pontas no sofá.

- Egoísta é o que compra um carro com dois lugares, para não dar carona nas festas.

- Egoísta é o que carrega uma nota de cem reais e nunca pode pagar porque não tem troco.

- Egoísta é o que não diz sua opinião para ver o outro se matar tentando agradá-lo.

- Egoísta é o que não troca o papel higiênico. Mais: abandona o rolo com apenas uma volta do papel.

- Egoísta é aquele que acha que romantismo é perda de tempo e vive reclamando do tédio na relação.

- Egoísta é o que promete mudar (deixar de fumar, deixar de beber) para fingir que tentou.

Egoísta mesmo é o que não se considera egoísta. Não reparte seu egoísmo com ninguém.

(Fabrício Carpinejar - "Sinceramente Egoísta")

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

"Coração apaixonado é bobo..."


Quando apaixonados, não vamos fundo aos fatos. E nos contentamos com impressões. Não há interrogatório sério, desistimos de avançar no primeiro silêncio. Não desejamos o desconforto. Perguntar uma desconfiança é constrangimento. Deixamos que o outro fale para não parecermos invasivos. Existe um período de licença, um estágio probatório, onde nenhuma dúvida segue sua curiosidade. Diria até que é coma alcóolico. Uma embriaguez de dopamina, oxitocina, adrenalina e vasopressina.
Ele aproveita a impunidade afetiva, para não arcar com cobranças. Abusa de sua compreensão, você acredita em qualquer coisa que ele diz porque não quer acreditar em outra coisa. É uma cumplicidade fanática, sem discernimento e pontos de apoio. Não tem margem para capturar contrapontos e atos falhos. (...)
O que preciso avisar é que qualquer relacionamento é uma decisão. Ou ele já tomou ou não tomou partido, entende? Começar é optar. Não é algo que vem com tempo. (...)
Não é um conto de fadas: todo conto de fadas tem um início triste e um final feliz. Quando o início é muito feliz, cuidado com o final triste. (...)

(Do belo, Carpinejar)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Por isso, acaba...




O amor acaba quando você vira exatamente o que o outro desejava.
(Carpinejar)

Oh Deus, como é tão assim!

sábado, 3 de dezembro de 2011

Não tem que encaixar!


"O amor não é para os equilibrados. Não somos feitos para nos encaixar, mas 
para arrebentar as caixas."
(Carpinejar)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Tem que inventar...

No amor, inventar o outro não dá certo. O que realmente funciona é se inventar.
(Carpinejar)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

É minha saudade...


[...]É minha saudade do quintal, das roupas dormindo no varal, do mosquiteiro e das janelas abertas. É minha saudade da facilidade de fazer amigos, do chimarrão na varanda e de brigar sobre política com os vizinhos. É minha saudade de cumprimentar qualquer um que passa pela rua – qualquer um! – sem a necessidade de conhecer. É minha saudade de jogar cartas e rir novamente de piadas antigas. É minha saudade de preparar bolo de surpresa, de cultivar horta, de comprar veneno para formigas. É minha saudade de ser educado e pontual, do artesanato da vida, da carpintaria dos minutos. [...] é a possibilidade de retornar às origens, a uma época em que as crianças saíam a andar de bicicleta e apenas ressurgiam no jantar. E não havia o medo do pior, mas a confiança no melhor.

Ao passar pelo nosso litoral, vejo empresários cortando a grama, jogadores de futebol arrumando o telhado, pesquisadores varrendo a calçada, um mundaréu de gente morrendo de saudade, como eu, das discretas e deliciosas cenas domésticas e interioranas.

(Fabrício Carpinejar)

** É minha saudade também!
Saudade dos tempos outros, onde um olhava o outro
Enxergava, sorria e o respeitava.
Saudade do contato, das horas no quintal, dos muitos risos
Saudade!