"(...) Não tenho como recomendar a crença; sua única façanha é nos reunir em
agremiações, cada uma crendo-se mais notável do que a outra e chamando o
seu próprio ambiente corporativo de espiritualidade. Não tenho como
endossar a crença; não devo dar a entender que a espiritualidade pode
ser adequadamente transmitida através de argumentos e explicações. Não
devo buscar o conforto da crença; o Mestre tremeu de pavor e não tinha
onde reclinar a cabeça. Não devo ouvir quem pede a tabulação da minha
crença; minha fé não é aquilo em que acredito.
Nunca deixa de me surpreender que para o cristianismo Deus não
enviou para nos salvar um apanhado de recomendações ou uma lista
suficiente de crenças, mas uma pessoa. Minha espiritualidade não deve
ser vivida ou expressa de forma menos revolucionária. Não pergunte em
que acredito. Mande um email, pegue uma condução, venha até minha casa,
tome um café na minha mesa e aceite o meu abraço. Não devo esperar ato
maior de fé, e não tenho fé maior para oferecer."
(Paulo Brabo, em: "Minha fé não é aquilo em que acredito")