quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Amar é...


“‎Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar.” 


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Eu me delato, tu me relatas...


"Eu vou te contar, que você não me conhece...
E eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve!
A sedução me escraviza a você,
Ao fim de tudo você permanece comigo, mas preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira, um abismo maior nos separa...
Você não tem um nome, eu tenho.
Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções.
Mas a mentira da aparência do que eu sou é a mentira da aparência do que você é.
Por que eu , eu não sou o meu nome, e você não é ninguém!
O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível da aproximação Através da aceitação da distância e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia que nos separa.
Eu quero que você me veja nua, eu me dispo da notícia.
E a minha nudez parada, te denuncia e te espelha...
Eu me delato, tu me relatas,
Eu nos acuso, e confesso por nós.
Assim, me livro das palavras,
Com as quais você me veste . " 

(Fauzi Arap)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Entenda minha melancolia...



"A melancolia não é um estado depressivo. Pode ser ou não. Não é isso que a define. A melancolia é o estado de alma que nos aproxima do peso e do número das coisas. É o estado necessário para a compreensão íntima da música. Uma pessoa que afaste a melancolia nunca será - notam a aliteração? - um melómano, porque não apreende intuitivamente os números e as grandezas - e a música não é mais que grandezas puras em diálogo, onde apenas o timbre se insinua como elemento concreto a contaminar de realidade material um objeto feito de vibrações e de tempo. Enquanto que os estados despreocupados e luminosos nos conduzem à unidade do real, a melancolia conduz à multiplicidade definida de cada instante, como acontecerá a um cego que se orienta, no mundo, guiado pelas dimensões exatas e relações espaciais definidas e de preferência não alteráveis. O melancólico vê em cada acidente do real a excepção, sem desejar sistematizar o mundo em regras mais ou menos constantes e, por isso, evita a ação por lhe faltarem os instrumentos com que poderia redistribuir o real. Para o melancólico, o número é a quantidade contemplável mas alheia a qualquer manipulação ou operação."

Melancolia, de Albrecht Dürer

Texto publicado em: http://literaturas.blogs.sapo.pt/

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Peso




Circular. Igual era o assovio do vento.
De brasa. Desse modo se vestia minha cama.
Pesados. Senti assim meus pensamentos.
Secos. De outro modo não estavam os meus olhos.
Gelada. Era essa a minha postura.

Sem visão



No dia em que você deixou para trás
O riso incessante da menina,
Ser mulher lhe pesou.
Doeu o corpo,
Chorou a alma, ofuscou o amor.
Ficou sem visão,
E só por isso, se perdeu.

Ventania



Chorei meu luto quanto notei que até mesmo o vento sofria por eu ser desprezível. Na ânsia de impedir minha triste conduta, ele trazia poeiras, revirava velhos retratos, apagava luzes, derrubava muros e, violentamente, atormentava meu entendimento.