segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A felicidade...



Começo a suspeitar que o mundo não se divide em pessoas felizes e infelizes, mas em pessoas que gostam da felicidade e nas que, por estranho que pareça, dela não gostam...

(C.S.L – Em carta a destinada a seu irmão)

O segundo inimigo...



O segundo inimigo, depois da ansiedade, é a frustração – a sensação de que não teremos tempo para terminar. Se eu lhes disser que ninguém tem tempo para terminar, que a maior longevidade humana faz de um homem, de qualquer ramo do conhecimento, um principiante, pareceria que estou dizendo algo muito acadêmico e teórico. Vocês se surpreenderiam se soubessem quão cedo se começa a sentir a brevidade da existência, de quantas coisas, mesmo na meia idade, temos de dizer ‘não dá tempo para isso’, ‘agora é muito tarde’ e ‘não é para mim’. A própria natureza, porém, os proíbe de expressar essa experiência. Uma atitude mais cristã, que se pode ter em qualquer idade, é viver o futuro nas mãos de Deus. Nunca, na paz ou na guerra, comprometam sua virtude, nem sua felicidade com o futuro. O trabalho feliz é mais bem realizado pelo homem que leva seus planos de longo prazo mais ou menos sem preocupação, trabalha a todo o momento ‘como que para o Senhor’. Somos incentivados a pedir apenas o nosso pão de cada dia. É no presente que se deve cumprir qualquer dever ou receber qualquer graça...


(C.S Lewis)

Sonhos, de uma criança...

Quando eu crescer...

Quero morar numa choupana, no alto de qualquer colina verde...
Para que, de lá, eu possa ver o mundo e, bem assim, as estradas que me levam a qualquer encontro...
Meu sonho é poder virar gente grande, e ter alma de uma menina;
Daquelas bem pequeninas...
Quero também andar de pés descalços, e tomar banho de chuva,
E de sol...
Viver dos frutos que colherei do meu próprio pomar...
E montar uma biclicleta!
Só mesmo para o caso de eu ter que me deslocar para um país muito distante,
Onde moram aquelas crianças de pais carentes;
Só mesmo para o caso de eu ter que lhes oferecer um abraço, uma lágrima
Ou uma noite de prosa à luz da lua...
Meu sonho maior é ter a graça de ver as pessoas se olharem, sem pressa;
De sentir a presença e os perfumes estranhos...
De não ter que comprar um carro, nem qualquer alegria!
Quero plantar flores em meu quintal,
E, nele mesmo, colher sorrisos, músicas e olhares...
E, quando estiver em meu trabalho, que eu não deseje nada além da satisfação de poder ser útil a alguém...

São as únicas coisas que quero,
Quando eu crescer...

Encontro que purifica



Muito mais do que um doce refúgio ao frescor de sombras verdes,
Muito mais que uma fuga à procura de um leito perfumado ou quente,
Muito além daquilo que todas as suposições podem prever...
Percorrer caminhos distantes,
Repousar em um antigo lar,
É a minha busca implacável,
Pelo mais delicioso,
E nobre desejo:
É simplesmente optar pelo encontro!
Bem mais que uma viagem de férias,
Estar envolvida por este além,
que um dia foi meu,
É aquecer o coração,  
Para se lançar ao colo de um grande amor,
Que, desde sempre, fora meu.
É Saborear o mel,
Hoje infinitamente mais doce
Purificador,
Agora totalmente disposto a me acompanhar...
Pelo resto do meu existir.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Distante...


Desde que me entendo por gente (e essa é uma expressão particular, frequente nos dizeres de minha casa), sinto uma grande atração pelo distante.
E, mais do que isso: pelo trilhar ao longe.
Quando pequena, só era capaz de conferir sentido ao meu presente, quando arquitetava perspectivas, ou sonhava com alguma coisa que chamavam de futuro – esse gigante, à época, tão distante.
Depois, já com os traços da mocidade, acompanhados de alguns dias a mais de experiência, notei que minha vontade não ultrapassa a aventura de andar pelo mundo, deixando rastros pelos lugares mais inusitados, localizados ao extremo sul, deste norte em que me encontro.
E, com estranha satisfação, começo a suspeitar que minha origem seja, legitimamente, nômade!
Tomar distância é o jeito mais delicioso que encontrei para ampliar o alcance de meu olhar e, também, para curar as feridas do esquecimento.
As milhas, os quilômetros, as fronteiras e os continentes que me afastam de algum vínculo, são capazes de apagar o mal passado e me restaurar.
Hoje, atravesso dois estados e algumas histórias.
Amanhã, com fé, atravessarei fronteiras e muitas vidas...
Depois disso, renascerei!
Com alguma distância, compreenderei, quantas vezes for preciso, que, a partir de minha devida permissão, serei capaz de ressuscitar, antes mesmo que meu velho corpo, este mesmo que talvez tenha sido pouco útil, pereça...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sorrir ou chorar?...

 Nunca ninguém sabe se estou louco para rir ou para chorar…
Por isso o meu verso tem esse quase imperceptível tremor...
A vida é triste, o mundo é louco!
Nem vale a pena matar-se por isso.
Nem por ninguém.
Por nenhum amor…
A vida continua, indiferente!


(Mario Quintana)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Revelação



Para você, que gostaria de saber, – eu sinceramente duvido que alguém se interesse por esse assunto – descobri que sou a legítima, e única, proprietária de um perverso coração. Este mesmo que, outrora, fora extremamente soberbo e luxurioso.
Portanto, é pouco provável que você, ainda que empregue todas as habilidades nesse sentido, consiga ser, por ele, amparado.
De antemão, aproveito também para parafrasear um honesto aviso: não tenho sequer uma verdade para lhe dizer, meu ser habita entre às margens da falsidade; a única declaração digna de crédito que se deve esperar de mim é que sou uma mentirosa (e quem não é?). Esta confissão é, considero, defesa suficiente contra todas as acusações. Meu assunto, portanto, é o que jamais vi, experimentei ou me foi contado, o que não existe nem poderia concebivelmente existir. Solicito humildemente a incredulidade de quem me ouve, ou de quem optou por ler algo que eu escrevo.

(Descobri, com a ajuda do "Bravo", o meu íntimo segredo)

domingo, 1 de janeiro de 2012

Adeus, ano velho!


Palavras de um tempo que se despede:
“Nunca voltarei,
Nunca voltarei porque nunca se volta.
O lugar a que se volta é sempre outro,
A gare a que se volta é outra.
Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia.”
(Álvaro de Campos)

Despedidas tendem, naturalmente, o pesar, a dor do adeus, a dificuldade em encontrar palavras certas para o final. Porém, como todas as peculiaridades desse ano torto, despedir de 2011, causou-me uma diferente impressão.
A complexidade desse ano, para mim já velho, me estremeceu os pulsos e pulmões.
2011 foi sinal de novidade. Foi tempo que anexou, no calendário, uma espécie de menu com alguns poucos milhões de condutas. Todas novas. Alienígenas!
E, à medida que os meses se passavam e eu folheava o tal calendário, escolhia um punhado de diferentes experiências. Estas mesmas que me fizeram chorar, andar, quebrar os tabus (aqueles tão meus), rasgar o verbo e o véu.
Volta e meia, abandonava velhos hábitos e os antigos companheiros, em troca de recuperar aqueles de outrora. Os mais extintos.
O 2011 arrancou de mim algumas manias, aflorou sentimentos, recuperou as lágrimas; Sensibilizou, me fez menina, dependente, desavisada, despreocupada, risonha.
Surpreendi-me com algum tanto de pessoas e me decepcionei com outro tanto ainda maior. E, em ambos os casos, notei que as expectativas é algo desprezível, que vai muito além da simples imaturidade nas relações.
Porém, a maior surpresa foi com a moça que agora escreve esses vultos de lembranças: percebi que ela não se conhece! Diz que luta, diz que é mulher, mas que na verdade, nada tem, nada pode esperar; o máximo que já fez dessa vida, foi colocar um de seus pés na “longa estrada” que precisa ser trilhada.
Este ano feroz se empenhou em me colocar no horizonte dos dilemas. Em cada esfera, em cada estação. Não soube escolher bem entre ir ou ficar; chegar perto ou tomar distância; aceitar ou recusar; 
Não compreendi a voz do amor, nem tampouco a hora que seu relógio marcava.
Errei. E fui marcada a brasa, pelo resto dos meus dias. 
Mas, embora com imperceptível frequência, também tive alguns acertos. Encontrei, convidei, me acheguei, tudo para poder sentar ao lado de pessoas lindas, das quais pretendo ser companhia pelos próximos anos.
Somei aos meus, traços opostos, gostos estranhos, ideias antes inaceitáveis. E assim, venci inescrupulosos e fingidos preconceitos.
Escolhi, também amar. Não sei se do jeito certo. Mas mantive velhos laços, dei amor e sofri muito por isso. Contemplei, com naturalidade, os sabores mais íntimos que os tantos olhares tentavam esconder. Fui também verdadeira (tão extrema nisso, que, para alguns, me tornei deselegante), recebi afeto, de inúmeras espécies.
Talvez, eu jamais me esqueça desse ano que, introspectivamente falando, foi amargo e desgastante; tudo com cara e cheiro de oscilações adolescentes. Mas, confesso que minha despedida se resume a um brinde aliviado.
Viro as costas para o que passou, para as tantas mazelas, e me volto para a celebração de um novo tempo, cheio de esperança, o qual adornarei, inicialmente, com as pétalas macias e perfumadas, das inúmeras flores que não pude deixar de colher no meu jardim confuso.

Seja bem vindo, 2012!
Eu estava mesmo muito ansiosa por tua chegada...