quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Meu doce consolo...



Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras, 
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizaram.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas,
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho!

(C.D.A)

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