Foi precisamente essa perda de contato com o passado, nosso
desenraizamento, que deu origem aos "descontentamentos" da
civilização, a uma pressa e uma agitação tão grandes que vivemos mais no futuro
com suas quiméricas promessas do que no presente, cujo passo acelerado nosso
pano de fundo evolucionário não aprendeu ainda acompanhar. Precipitamo-nos
impetuosamente novidade adentro, guiados por um senso cada vez mais acentuado
de insuficiência, de insatisfação e de inquietação. Não vivemos mais daquilo
que temos, vivemos de promessas; deixamos de viver à luz do presente e passamos
a viver nas trevas de um futuro que, esperamos, trará o aguardado amanhecer.
Recusamo-nos a reconhecer que toda coisa melhor é comprada ao preço de uma
coisa pior.
Carl Jung em Memories, Dreams and Reflections (1957)
(Citado por Paulo Brabo em "A Forja Universal")
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