domingo, 16 de outubro de 2011

Ator



A todos enganava que era bom. Aos muitos olhos, foi visto como rei.
Era também o mais belo, o mais forte, o mais nobre.
Enganou que era feliz, que tinha um lar, uma família, um amor.
Quis ser visto como sábio, e por isso, pouco aprendeu;
Quis mostrar que era amado, e por isso, não buscou o amor;
Enganou o amigo, o pedreiro, o doutor.
Enganou sua família, seu vizinho, seu companheiro,
Mas, ainda que continuasse atuando com admirável brilhantismo,
Ainda que desejasse cobrir seus maiores males,
A seu teto, a seu chão, a seu lenço e travesseiro,
Não enganou.

**
Nilmara Carvalho

Nenhum comentário:

Postar um comentário