terça-feira, 4 de outubro de 2011

Concentr-AÇÃO


Preciso de algumas sessões de ioga!
Talvez essa não seja a forma mais elegante de se iniciar uma conversa, nem tampouco um texto. Mas, para ser franca, é justamente a medida mais desesperadora que se me apresenta a todo tempo.
Preciso fazer ioga, preciso fazer ioga! Se não isso, preciso clamar incessantemente por terapias semelhantes.
Pois bem, deixa-me contar o caso.
Não foi há muito tempo que desfrutei de uma exaustiva temporada de férias no meu doce e animado lar (e talvez esse seja um dos motivos ensejadores de grande parte das minhas frustrações hodiernas). Ao que se pressupõe, a ocasião DEVERIA configurar uma oportunidade ímpar de se organizar ideias, projetar metas interessantes para o semestre vindouro (no caso este), descansar, selecionar possibilidades, enfim, planejar as atividades concernentes a cada minuto posterior às benditas (bandidas) férias.
Acontece que a oportunidade, de fato, foi ímpar para tal. Eu diria que a mais ímpar de toda a minha vida! Tanto, que estive prestes a me rotular semi-metódica.
Mas os problemas só vieram, (corrija-se, continuam vindo), depois. O fato é que, após ter em mãos todos os objetivos e cronogramas, sobretudo no tocante ao meu desempenho na faculdade, acabei por “retirar das mãos”, algo muito interessante que outrora praticamente se confundia com meu nobre ser: a tal concentração.
Exatamente! Se você está pensando que me refiro àquela incapacidade momentânea de se focar em algo, de concluir uma leitura, uma meta, um esboço, um projeto, você quase acertou, exceto pelo termo “momentânea”. O grande diferencial é que, em mim, esse processo tem se tornado uma constante.
Talvez a própria palavra já traga, em sua composição, uma controvérsia que me deixa atordoada: concentr-AÇÃO. Pronto! Minha mente só consegue conceber “Ação” e, durante o sugerido ato solene, eu acabo me agitando feito um liquidificador em velocidade máxima, o que me permite fazer qualquer coisa, exceto concentrar.
Não sei o que me ocorre. A única coisa que sei é que o toque do telefone do vizinho, a frenagem do carro a três ruas de minha casa, o som da água fervilhando (a essa altura, já possivelmente em seu estado gasoso) que espera, cansada, por algo que lhe converta num bom cafezinho, e, até mesmo o canto das aves a dezenas de quadras distante, são infinitamente mais atraentes do que qualquer coisa que me proponho a fazer com seriedade.
Talvez a existência de metas, que se assemelham a uma obrigação a se cumprir, me deixa relativamente incapaz (jeito chique de dizer que fico insana, desvairada, doida varrida, e o detalhe: poucas pessoas além de um estudante de direito são capazes de compreender isso) e, tentando executá-las (estou falando das tais metas) de uma só vez, acabo por não iniciar, com qualidade, sequer uma delas.
Definitivamente, preciso de ajuda! E isso é sério! (Se você teve a audácia de gracejar desse meu nobre pedido, dou-lhe um honesto aviso: vá também procurar ajuda antes que seja tarde).
Enfim... acho que vou procurar, nos becos de minha cidade, um ambiente decente onde se pratique ioga!

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Nilmara Carvalho

Um comentário:

  1. Desde já..Se desculpas forem cabíveis aqui, eu as peço...Não pude deixar de me perder num risinho que me tomou o coração...Concentr-AÇÃO...Desculpe...não a tenho para aqui comentar...

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